15.2.13

Mar ingénuo, ou será o Sol?


Um dia pode acontecer. 

Posso atingir um nível de apatia, de aborrecimento, que me faça dizer Basta! Não posso dizer-te que isso não vai acontecer, não posso dizer que vou mover montanhas e desviar rios para que isso não ocorra, simplesmente porque me sinto cansada. Cansada, sim. Exausta de "comer e calar", farta de acções que me caiem mal, que me fazem pensar que és demasiado para quem não deves enquanto deixas outros a ansiar que sejas o seu tudo. Pior, que trates da mesma forma Gregos e Troianos, eu e outros, amores e amigos... Duvido, nesses momentos, que as minhas certezas sejam exactamente isso, certezas. Que toda a esperança seja infundada e que tudo o que temos não passe de um simples agradecimento por dias, meses a descansar a tua alma e a aquecer o teu corpo frio. 

Ansiar. Palavra com mil correntes agrilhoadas a meus pés. Estou presa. Agarrada  à certeza que um dia o Mar trará consigo o horizonte que teima em permanecer sempre longe de mim, ali, naquele sítio onde o Mar acaba e o Sol se ergue todas as manhãs.

O Mar é uma personagem interessante, nunca se sabe bem o que vai fazer. Ora pode estar calmo mais parecendo o lago do mundo ora pode agitar-se e criar ondas do tamanho de faróis!
Claro que existem alturas em que podemos prever a sua próxima acção, momentos em que não existem interferências externas, Tempestades tão grandiosas que por isso tomam um travo quase exótico. São anormais, quebram a normalidade e por isso são sedutoras. Quem olha para imagens de uma Tempestade e não se sente maravilhado, impressionado com tal demonstração de poder? Ninguém. Nem mesmo eu. Assim, o Mar, maravilhado com tal Tempestade, muda. Fica irreconhecível, comete acções impensáveis levando barcos para terra, carros para o Mar... E é por isso que os amantes da acalmia e da certeza que tudo está sereno ficam com dúvidas que a face que vêem seja a verdadeira. Começam a viver na incerteza que o seu Mar é o verdadeiro, que a serenidade que tanto amam seja a sua verdadeira natureza.

Tu és o Mar mais ingénuo que conheço. Mudas na presença de Tempestades. Tempestades perigosas que crêem ser aquela a tua face. A face que as venera, olha para elas maravilhado e que lhes chama nomes bonitos...  Nomes que só deviam ser proferidos a uma e apenas uma essência. Não me admirava pois, que fizessem de ti o seu Mar. 

Eu sou mais como o Sol. Nasço e morro todos os dias. Nunca deixo de brilhar sobre o meu Mar. É no meu Mar que gosto de me reflectir e é em ti que mais amo fazê-lo, sempre o farei em ti e somente em ti. Até ao dia... Até que uma Tempestade vá tapando os meus raios e que tu, maravilhado pela sua irreverência e pelo simples facto de ser diferente de mim, pegues em sua mão e lhe ofereças o teu horizonte. Aquele que devia ser só meu para vislumbrar mas que até à data permanece naquele sítio onde o Mar acaba e o Sol se esconde todas as manhãs.


Sou um Sol e não admito que o meu Mar, trate Tempestades como se estas fossem o seu Sol!


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