26.3.12

Encontros de Pedro e Inês VI

Coimbra, 23h

"- Ouve Inês, só entenderás o que tens quando o perderes! Com um sorriso nostálgico, responde - Eu já o perdi querida. Perdi-o tantas vezes... Tantas que hoje me parecem centenas de vezes. Não sou eu que preciso de perder aquilo que tenho. - Nunca ouvira palavras tão amargas. Amargas como a lágrima que eu a vi conter.
- Estás cada vez mais forte sabias?
- Pelo contrário... Sinto-me cada vez mais fraca. 
- Não sejas tola Inês!
- Diz-me lá então, explica-me. Se estou assim tão forte como dizes porque é que nunca deixo de pensar no fim das coisas? Ser forte não é pensar que tudo tem um prazo de validade, é?
- Presta atenção, no passado tinhas proferido as últimas palavras com lágrimas nos olhos e a tua voz cairia a cada 2 palavras!! No entanto, o que eu vi agora foi um olhar intimidante que borraria as calças do homem mais bravo à face da terra! Fogo mulher! Acorda para a vida!!! Olha lá, alguma vez te sentiste tão bem como nas últimas semanas?!
Inês, boquiaberta, olha-me muito perplexa. Do nada, põe as mãos na barriga e curva-se perante mim. Que raio... - penso. A próxima coisa que ouvi foi tão inacreditável que ainda hoje penso se terá sido verdade. Um riso. Uma gargalhada forte e verdadeira! De repente reparo nos olhos dela. Estavam brilhantes de tanta lágrima. Neste momento, para mim eternamente precioso, só se percebem os risos de Inês porém, não tardou muito até me juntar a ela. Rimos as duas. Tanto, tanto, tanto que até a barriga e as costas nos doíam quando finalmente respirámos normalmente. As pessoas já olhavam para nós como se fôssemos dementes e olha que...
- Desculpa Laura! Mas nunca te tinha visto tão irritada. Ficaste tão vermelha!
- Cala-te mas é! Enervaste-me! - o silêncio caiu tão depressa que até me senti incomodada. Momentos passaram e foi um suspiro da boca de Inês que quebrou a monotonia.
- ... não.
- Desculpa?
- Nunca me senti tão feliz. É a resposta à tua pergunta...
- Então pára. Suplico-te... Pensa somente no agora. No dia de hoje, no que estás a fazer agora.
- Impossível. Olá?! Chamo-me Inês... Lembras-te?
- Pois... Deixavas de ser a nossa Inês. Planeadora.
- Exacto. Mas descansa... Fizeste-me ver que nunca me senti tão bem antes. Por hoje chega."
 


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