Lá fora tudo vibra, as pessoas passam por mim apressadas, umas cumprimentam-me outras nem isso. Lá ao longe um autocarro, repleto de pessoas. À minha frente vão mais três. Tanta gente... E no entanto, tanta solidão.
Quando me sinto sozinha, aparte deste mundo, os meus instintos dizem-me para fugir. Correr o mais depressa que conseguir, correr até o ar ser arrancado dos meus pulmões e o meu coração, de tão imensamente bater, parecer que está parado. É esta solidão que me leva ao esgotamento, à decepção e assim ao vazio.
É quando a vida me parece tão ingrata, tão rude que me viro para mim própria. Procuro o que há de melhor e de pior nesta essência que é tão minha e ouço com atenção. Tento escutar cada ruído, cada suspiro, cada melodia, cada grito, cada pista que o coração me dá. Sim. O coração tem uma voz, única e impossível de recriar noutro corpo. Por vezes, comparo-a às vozes dos anjos que somente a verdade expressam. Neste momento, enraivecido pela perda e atormentado pela desilusão ouço-o vociferar palavras incompreensíveis. Não o entendo. Não deslindo o que ele pretende de mim, o que quer que eu faça... Confesso-me um pouco perdida nos caminhos do meu âmago.
Em mim, no meu eu físico, abateu-se uma apatia aparente. Desgastada de todas as tentativas falhadas de suprimir a raiva e a mágoa, nada mais imagino-me a fazer senão sorrir. Costumam dizer que o mero facto de sorrir melhora o nosso espírito. Então, sempre que me deitarem abaixo, sempre que comigo gozarem, sempre que me sinta tão morta por dentro que nem andar consigo, sorrirei. É a sorrir que eu lido com as coisas. Isto pode irritar muita gente que comigo vem ter dizendo que o meu sorriso é falso, é um mau actor a interpretar pobremente um papel que não compreende, que não devia sorrir se me sinto mal. Honestamente não me podia importar menos com isto. Esta sou eu com um sorriso mascarado e verdadeiro ao mesmo tempo. O meu sorriso é a minha verdade.
Feliz Dia do Sorriso *

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