9.1.11

Volúpia


No divino impudor da mocidade, 
Nesse êxtase pagão que vence a sorte, 
Num frémito vibrante de ansiedade, 
Dou-te o meu corpo prometido à morte! 

A sombra entre a mentira e a verdade... 
A nuvem que arrastou o vento norte... 
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte: 
Meus beijos de volúpia e de maldade! 

Trago dálias vermelhas no regaço... 
São os dedos do sol quando te abraço, 
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos 
Vão-te envolvendo em círculos dantescos 
Felinamente, em voluptuosas danças...    
                                                Florbela Espanca
                                       




Li-o e amei. A última estrofe é impressionante.

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